Sentir o próprio corpo
Lívia Pellegrini
A pulsação do mundo é o coração da gente.
(Milton Nascimento)
Entre o Céu e a Terra estamos. No
meio. Somos o meio de estar. O corpo como meio de estar aqui, presente. Nunca é
demais voltarmos a atenção para ele... o corpo como território para
experimentarmos a existência humana compondo com todas as formas de
manifestação da Energia Vital.
O corpo físico tecido pelos vários
sistemas que se interligam via a circulação dos fluidos está em constante
processo de produção, nutrição e transformação, do mesmo modo como funciona o
corpo de nosso planeta-casa Terra.
Simpático e parassimpático,
consciente e inconsciente o corpo vivo sempre está dando sinais: sensações,
pensamentos, emoções, sonhos, sintomas, memória, pulsações...
O que está fora está dentro, o que
está dentro está fora... e em movimento contínuo – este fluxo vital – o
corpo-casa vai se forjando. Podemos habitar esta casa de tantos modos não é?
Tantos quanto o número de habitantes desta Terra e ainda além. Pensemos: desde
o momento da travessia, quando partimos do invólucro quente e protegido do
ventre-da-mulher-mãe, como é que continuamos a viver seguindo para a vida
autônoma?
Respirando!
Ah, respirar! Na natureza com seus
reinos - todos os seres compostos por células respiram! Ah, o sopro vital! Sim,
a respiração é a fonte mais importante para a manutenção da vida. Viva os pulmões
e a aventura de existir – nascer, crescer, mudar, renascer, morrer...
Nesta grande aventura vivenciamos um
caleidoscópio de afetos: luz e sombra, quente e frio, vazio e cheio, amor e
medo... e é nos encontros que afetamos e somos afetados. Espinosa (1632-1677)
nos lembra que ao entrar em composição com algo ou alguém nossa potência de
vida, a alegria de viver aumenta, sendo verdadeiro também o oposto. Em sintonia
com este modo de viver, como podemos organizar os encontros para afirmarmos a
potência e não ficarmos à mercê da inconstância dos estados e das situações
diárias?
Começar pelo próprio corpo? Ah, um bom começo!
Um contínuo cuidado...
Entre outras práticas corporais, o
Hatha Yoga, na filosofia hindu, apresenta-se como modo de experimentar e sentir
o próprio corpo, em seus movimentos e repousos. Respirar, tomar consciência
desta ação, e experimentar este habitat: vibrar em harmonia com a natureza,
acessando limites e ampliando as potências do corpo, da mente, do espírito.
Namastê.
Pira,
23.01.17
Lua minguante
Nenhum comentário:
Postar um comentário