quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sentir o próprio corpo.


Sentir o próprio corpo
Lívia Pellegrini
A pulsação do mundo é o coração da gente.
(Milton Nascimento)

Entre o Céu e a Terra estamos. No meio. Somos o meio de estar. O corpo como meio de estar aqui, presente. Nunca é demais voltarmos a atenção para ele... o corpo como território para experimentarmos a existência humana compondo com todas as formas de manifestação da Energia Vital.
O corpo físico tecido pelos vários sistemas que se interligam via a circulação dos fluidos está em constante processo de produção, nutrição e transformação, do mesmo modo como funciona o corpo de nosso planeta-casa Terra.
Simpático e parassimpático, consciente e inconsciente o corpo vivo sempre está dando sinais: sensações, pensamentos, emoções, sonhos, sintomas, memória, pulsações...
O que está fora está dentro, o que está dentro está fora... e em movimento contínuo – este fluxo vital – o corpo-casa vai se forjando. Podemos habitar esta casa de tantos modos não é? Tantos quanto o número de habitantes desta Terra e ainda além. Pensemos: desde o momento da travessia, quando partimos do invólucro quente e protegido do ventre-da-mulher-mãe, como é que continuamos a viver seguindo para a vida autônoma?
Respirando!
Ah, respirar! Na natureza com seus reinos - todos os seres compostos por células respiram! Ah, o sopro vital! Sim, a respiração é a fonte mais importante para a manutenção da vida. Viva os pulmões e a aventura de existir – nascer, crescer, mudar, renascer, morrer...
Nesta grande aventura vivenciamos um caleidoscópio de afetos: luz e sombra, quente e frio, vazio e cheio, amor e medo... e é nos encontros que afetamos e somos afetados. Espinosa (1632-1677) nos lembra que ao entrar em composição com algo ou alguém nossa potência de vida, a alegria de viver aumenta, sendo verdadeiro também o oposto. Em sintonia com este modo de viver, como podemos organizar os encontros para afirmarmos a potência e não ficarmos à mercê da inconstância dos estados e das situações diárias?
 Começar pelo próprio corpo? Ah, um bom começo! Um contínuo cuidado...
Entre outras práticas corporais, o Hatha Yoga, na filosofia hindu, apresenta-se como modo de experimentar e sentir o próprio corpo, em seus movimentos e repousos. Respirar, tomar consciência desta ação, e experimentar este habitat: vibrar em harmonia com a natureza, acessando limites e ampliando as potências do corpo, da mente, do espírito.
Namastê.
Pira, 23.01.17

Lua minguante

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