quinta-feira, 6 de abril de 2017

e.s.c.r.e.v.e.r

                                    

e.s.c.r.e.v.e.r
“Lá onde, para dormir se estendem as nuvens do espaço  infinito construí minha casa, ó Poesia, para te receber”.
-Tagore-

                O ofício de escrever trama-se em tessituras curvilíneas, barrocas, muitas vezes forjando-se invisível nas entranhas daquele que escreve. Em meio as suas relações com o mundo, uma mudez barulhenta move-se a cada instante no corpo e inscreve-se talhando as marcas. Indubitavelmente, afetivas no corpo-criança.
                O(A) escritor(a), entregue ao fluxo, por vezes feito de brisa leve por outras lancinante,  é retirado do tempo ordinário e lançado às engenhosidades do devaneio. São tantas as realidades, convivendo paralelamente ao infinito, não é?!
                E nesse trajeto de realidades algo acontece...a sensação, esta chama, vira imagem, vira som, vira hieróglifo, desenho, vira letra e palavra, vira verso, reverso. Pura vibração. E em ondas sub-versivas apanha o(a) escritor(a) de jeito, desmontando percepções e pensamentos convencionais. A escrita vem a galope! – conduzindo o(a) escritor(a) aos 4 ventos, nas instâncias da invenção - corpo intensivo - na velocidade da luzzzzz.

no meio

entre o passado e o futuro
o devaneio:
auscultar aquele acorde
entre a inspiração e o sopro
a suspensão:
contemplar o vir-a-ser
entre o sonho e a vigília
a fresta:
só ser
entre a memória e a presença
a travessia:
espreitar e desaprender
..................
a vertigem:
tornar-se máquina de escrever

*

Lívia Pellegrini


lua nova       28.03.17

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