e.s.c.r.e.v.e.r
“Lá onde, para dormir se estendem as nuvens do espaço infinito construí minha casa, ó Poesia, para te
receber”.
-Tagore-
O ofício de escrever trama-se em tessituras
curvilíneas, barrocas, muitas vezes forjando-se invisível nas entranhas daquele
que escreve. Em meio as suas relações com o mundo, uma mudez barulhenta move-se
a cada instante no corpo e inscreve-se talhando as marcas. Indubitavelmente,
afetivas no corpo-criança.
O(A) escritor(a),
entregue ao fluxo, por vezes feito de brisa leve por outras lancinante, é retirado do tempo ordinário e lançado às
engenhosidades do devaneio. São tantas as realidades, convivendo paralelamente
ao infinito, não é?!
E nesse trajeto
de realidades algo acontece...a sensação, esta chama, vira imagem, vira som,
vira hieróglifo, desenho, vira letra e palavra, vira verso, reverso. Pura
vibração. E em ondas sub-versivas apanha o(a) escritor(a) de jeito, desmontando
percepções e pensamentos convencionais. A escrita vem a galope! – conduzindo
o(a) escritor(a) aos 4 ventos, nas instâncias da invenção - corpo intensivo -
na velocidade da luzzzzz.
no meio
entre o passado e o futuro
o devaneio:
auscultar aquele acorde
entre a inspiração e o sopro
a suspensão:
contemplar o vir-a-ser
entre o sonho e a vigília
a fresta:
só ser
entre a memória e a presença
a travessia:
espreitar e desaprender
..................
a vertigem:
tornar-se máquina de escrever
*
Lívia Pellegrini
lua
nova 28.03.17
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